sábado, 1 de dezembro de 2012

Eu fico

Nos últimos anos tenho tido o privilégio de participar no “QSP Summit”, um magnífico encontro de pessoas ligadas ao marketing. Este ano, o orador principal foi Hermawan Kartajaya, um indonésio considerado um dos grandes gurus mundiais do marketing e, certamente, o guru do marketing asiático.
A sua intervenção foi marcante por vários motivos e jamais esquecerei como terminou. Mostrando-se informado sobre o programa de ajustamento da economia portuguesa, falou do ajustamento que a própria indonésia atravessou há duas décadas. Muito mais violento que o nosso. Nessa altura, conta Hermawan Kartajaya, a maioria dos seus colegas marketeers saíram do país e emigraram para destinos mais favoráveis, como os Estados Unidos, Japão, Austrália. Ele ficou!
Diz Hermawan Kartajaya: “nunca mais ouvi falar deles, nem nunca os vi nas capas das revistas de marketing mundial”. Antes de se despedir, disse-nos que o processo que estamos a atravessar é necessário e aconselhou: “não vão, fiquem. É aqui que estão as oportunidades. Além disso”, acrescentou, “vocês vivem no melhor sítio do Mundo: a região do globo com melhor nível de vida, com melhor justiça e com mais direitos sociais: a Europa”.
O desafio de Hermawan Kartajaya era um desafio ao empreendedorismo e à capacidade não apenas de resistir – e essa temos bastante – mas também à capacidade de perceber a sorte que – apesar de tudo – temos.
Ir ou partir não é uma questão de destino nem uma fatalidade para as velhas gerações que o fizeram nem para as novas que o estão a fazer. Nem se é melhor por ir ou pior por ficar. Mas ficar, é sem dúvida, a única solução que pode ajudar a mudar Portugal. Nisso, Passos Coelho não tinha razão quando indicou o caminho da saída. A esperança e a mudança sempre estiveram mais perto do que longe e as soluções muito mais dentro de nós do que nos outros.
É por isso que não concordo com muito do que diz Daniel Oliveira neste artigo a começar pelo título. É que a geração que parte não é a melhor. A melhor, é a parte da geração que fica. E é mesmo bom que o seja, pois é ela que, quer queira quer não, vai reconstruir Portugal.

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